Cachimbo Sagrado (Chanupa): Significado, Uso Ritualístico e Tradições Ancestrais
- casasementedosolmk
- 11 de nov.
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Comumente chamada de Chanupa ou Pipa é considerado um instrumento sagrado xamânico para os nativos norte-americanos. No Brasil, o Petyngua Marangatu (Cachimbo Sagrado) é usado por várias etnias, acredita-se que através das ervas que liberam a fumaça os espíritos negativos são afastados; é utilizado em cerimoniais com a finalidade de expulsar as energias densas, descarregando o ambiente e as pessoas que necessitam. O Cachimbo é considerado uma cura sagrada partilhada entre Irmãos e Irmãs da América Nativa “trata-se de uma forma de oração, que nos permite falar a verdade e curar relacionamentos feridos ou rompidos” (Sams, J. 2017); além disso, Sams afirma que o fornilho do cachimbo representa o aspecto feminino de todas as coisas vivas, enquanto o tubo é o símbolo do aspecto masculino, “o simples ato de colocar o tubo no fornilho simboliza união, criação e fertilidade”. Diferentemente da defumação comum, o cachimbo é um instrumento que precisa ser manuseado por alguém, ou seja, um curandeiro, pajé ou xamã. Essa pessoa se conecta com o elemental da planta, pedindo a intervenção para a cura daquilo que for necessário. Para a cultura nativa norte-americana ser o portador do cachimbo é uma honra, ele é convidado para fumar em todos os tipos de festividades, rituais, para a purificação, para conselhos e também para partilhar o sentimento de gratidão junto ao Grande Espírito. Além do tabaco - que é considerada a erva mais utilizada no cachimbo - é tradicional usar outras ervas como: Sálvia, artemísia, cedro, lavanda, erva-de-são-joão sendo cada uma delas um veículo de conexão com o Grande Espírito trazendo benefícios de acordo com suas propriedades e principalmente de acordo com o rezo ou oração atrelada a “pajelagem” de quem fuma o cachimbo.

Cerimônia de Chanupa (cachimbo sagrado)
Nos cerimoniais de cachimbo sagrado as pessoas sentam em círculo e a palavra é passada circularmente, no sentido horário, a partir do carregador da chanupa. Assim se ordena a sequência das falas, que são livres abordando os mais diversos assuntos. Apenas quem está com o cachimbo em mãos se manifesta. Essa prática fortalece o vínculo daqueles que se expressam e partilham seus ensinamentos, agradecimentos, pedidos e orações, estimulando a união desse grupo. Em sua essência, o cachimbo também representa a paz entre os povos, a irmandade, a conexão, e a união. A fumaça carrega as preces e orações de cada um que retorna ao Grande Espírito. O ato de se manifestar através da palavra é visto como medicina proporcionando clareza, compreensão e entendimento entre os participantes.
O cachimbo nas religiões afro-descendentes
Na Umbanda a fumaça do cachimbo possui duas principais funções mais conhecidas: primeiro é considerado que a fumaça tem o poder de purificar e limpar o ambiente antes da gira e, um segundo ponto é a capacidade de se conectar com o sagrado. Assim como no xamanismo, os elementos são vistos como sagrados e a fumaça do cachimbo nos conecta com a terra através das folhas das ervas, com o fogo, e com o ar que expande a nossa consciência. A palavra guarani para "cachimbo" é petyngua e o termo tupi para tabaco é petyma, o que originou o verbo em português "pitar", que significa "fumar". Portanto, existe uma origem dentro da tradição indígena brasileira e uma utilidade ritualística; mostrando uma convergência cultural - o cachimbo indígena e o pito do preto velho - o que exalta os conhecimentos das práticas ritualísticas multifacetadas do Brasil.



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